Empresas japonesas invadem Itu
quarta-feira, 16 de novembro de 2011A cidade de Itu nunca foi exatamente famosa por suas raízes orientais. A herança japonesa deixada pelos imigrantes que foram trabalhar nas fazendas de café no início do século passado dissipou-se ao longo dos anos e nunca ocupou um lugar de destaque na identidade do município. Principalmente a partir da década de 60, quando o comediante Simplício transformou Itu na cidade dos superlativos. Foi nos programas humorísticos das recém-criadas TVs Tupi e Globo que Simplício fez o Brasil conhecer a cidade onde tudo é grande, do lápis gigante vendido em qualquer parada de ônibus de Norte a Sul do Brasil ao já icônico orelhão que orna a principal praça de Itu.
Agora, mais de um século após a chegada dos primeiros japoneses aos cafezais da antiga Fazenda Floresta, uma nova leva de orientais está desembarcando na cidade e, dessa vez, disposta a deixar uma marca mais duradoura no município distante 100 km de São Paulo. Só nos últimos dois anos, quatro empresas de capital japonês chegaram a Itu com planos de ficar na cidade por muito, investimento bilhões de dólares na montagem ou na aquisição de indústrias instaladas ali.
O negócio bilionário envolvendo a compra da Schincariol pelo grupo Kirin, o maior fabricante de cervejas do Japão, foi apenas o mais recente e rumoroso caso de japoneses investindo na cidade dos exageros. Mas está longe de ser o único – e o último. Na próxima terça-feira, por exemplo, a Sumitomo Indústrias Pesadas, uma gigante japonesa de mais de US$ 30 bilhões que fabrica desde navios – passando por armas automáticas – até pontes metálicas, inaugura sua primeira unidade no Brasil em Itu.
No ano que vem, a Aisin Seiki, uma das líderes japonesas no mercado de autopeças, com faturamento de mais de US$ 20 bilhões, inicia a produção em uma unidade que está terminando de ser construída também em Itu. Antes delas, a Nissin Brake, fabricante de freios para automóveis e caminhões, se instalou na cidade no ano passado.
A nova invasão japonesa de Itu não parece ser um movimento coordenado dos orientais. Na verdade, está muito mais ligada à uma política agressiva de concessões fiscais realizada pela prefeitura da cidade do que à vontade dos nipônicos em ficar perto uns dos outros. Quem instala uma fábrica hoje em Itu tem direito a receber de volta – em dinheiro – 50% do ICMS gerado para a cidade e o tributo sobre serviços, o ISS, é um dos mais baixos do Estado de São Paulo, cerca de 2%. Além disso, há uma isenção de 12 anos no pagamento do IPTU. Levando-se em conta que a Sumitomo, por exemplo, adquiriu uma área de quase 500 mil metros quadrados, é um incentivo e tanto.
Fonte: Portal Ig